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AGRESSIVIDADE NA ESCOLA


“As nossas escolas têm procurado fazer com que nossas crianças se recolham para dentro de si e percam a agressividade – o instinto próprio do homem corajoso, capaz de vencer o perigo que se lhe apresenta”. Neidson Rodrigues

A agressividade é um dos comportamentos mais rejeitados na escola e na sociedade.

Mas, o que é? A qualidade do temperamento ou mecanismo de defesa do EU, que se caracteriza pelo modo destrutivo de reação.

Há íntima ligação entre agressão e frustração. Pode-se resumir que a frustração é uma desorganização emocional resultante do aparecimento de um obstáculo que impede o indivíduo de atingir um objetivo para o qual estava altamente motivado. Como a vida é repleta também de frustrações, uma dose em cada fase do desenvolvimento é favorecer o desenvolvimento do ego saudável.

A criança agressiva na sala de aula é, em verdade, um deficiente afetivo que precisa do apoio de todos os educadores. Ou seja, tem dificuldade de lidar com a sua subjetividade. Esta subjetividade é desde a emoção sentida até a visão que tem de si; é construída culturalmente, socialmente e filosoficamente, em uma troca constante de relações sociais.

Não é só a criança, mas o adulto, a professora e o aluno agressivos também são deficientes afetivos. Observa-se que a tendência atual é dos envolvidos delegarem a questão da agressividade aos pais, psicólogos e psiquiatras. A prova disso é que a incidência de pessoas que usam psicofármacos que “tranquilizam e controlam” aumenta assustadoramente. É necessário, porém, auxiliá-los a lidarem com a afetividade e seus conflitos numa interlocução de todos os âmbitos, sendo a família, a escola e profissionais como o psicólogo. Porém, olhar para a própria sala de aula e sua dinâmica é essencial!

  • Mas por que das agressões?

Segundo abordagem inatista “pau que nasce torto, morre torto”, ou seja, a professora agressiva, o aluno agressivo não tem jeito. Bem, está na hora das escolas redimensionarem o papel da agressividade na afetividade. Hoje em dia é raro que uma criança, pré-adolescente ou adolescente aguente só ficar sentado, escrevendo ou fazendo tarefas do livro. A escola e a sala de aula precisam ser prazerosas. A escola precisa ser alegre.

Uma escola alegre e prazerosa motiva para a permanência da criança na escola e tem a tendência natural de diminuir a agressividade, tendo em vista que ela está sendo canalizada de forma lúdica através da construção coletiva do saber e fazer pedagógico.

Isto mesmo, infeliz do aluno que seja forçado a perdê-la na tenra idade, pois agressividade é uma qualidade. Infeliz da professora que ouse tirar a agressividade da criança. Tratar o aluno agressivo na escola com gritos, castigos e palavras de baixa autoestima (você é horrível, mal comportado, não aguento mais você, não quero você na minha sala) aumenta mais a agressividade da criança. Segundo a psicanálise, a agressividade é uma inclinação inata do homem e não pode ser tratada na escola como um distúrbio de comportamento. Para Rodrigues (1987) é o instinto próprio do homem corajoso. A sociedade e a escola negam o seu papel estruturante na dimensão afetiva do homem.

Refletindo sobre a agressividade na escola

O aluno que demonstra ações agressivas na escola está mostrando um déficit na experiência lúdica, na experiência do jogo. Está mostrando um déficit no espaço que lhe foi dado para mostrar que ela pode fazer. E uma criança a quem não é permitida mostrar suas potencialidades e habilidades terão dificuldades de fazer coisas e produzir.

Impulsos agressivos comuns na escola:

“Ele estava quieto, de repente bateu nos coleguinhas”. “Ela estava quieta e nada fez com ele para sofrer a pancada”. “Ele estava brincando, de repente destruiu o brinquedo”. “Ela estava brincando com a amiga, de repente acabou a brincadeira na pancada”. Como? Se o brinquedo e brincadeira são excelentes para canalizar a agressividade? Rasgar cadernos, quebrar lápis, riscar paredes, quebrar carteiras, dizer palavrões, etc. são fatos comuns no contexto da escola que demonstram níveis de agressividade.

Modelo de comportamento

Pesquisas comprovam que os professores têm um modelo de aluno – crianças aplicadas, obedientes, respeitosas, agradáveis, limpos e com bons modos. O sonho do aluno ideal e da turma ideal só existem nas teorias educacionais, na prática o nosso aluno é real.

Criança calma que de repente explode, por quê?

A criança tem a necessidade de ter uma família bem estruturada, objetivando ser feliz, pois o satisfaz como ser humano e parecendo com os demais coleguinhas. Não tem e vem a frustração. A realidade para ela é muito cruel e sente-se culpada por essa situação. Ela não consegue entender porque seu amigo tem aparentemente uma família bem estruturada e ela não. Por que não tenho, será que não mereço? Por não saber lidar com suas subjetividades e por não ter maturidade para entender a realidade, vem a frustração, a culpa que culminam na agressividade. A explicação teórica parece simples, mas na prática, no cotidiano da escola a agressividade assume outras interpretações: “Ele está agressivo porque... "Os pais estão se separando; Pais são separados; É adotada; É mimada; Não tem limites; Usa drogas; etc.

A criança agressiva é repleta de culpa, fruto das suas frustrações, e por não saber reagir de outra forma é agressiva, pois é forma encontrada para comunicar sobre si aos adultos, aos professores, e à escola.

A autoagressão

Parece o estágio mais grave da agressividade, pois ataca a maioria das crianças e incomoda as professoras tanto quanto a minoria considerada agressiva na sala de aula. A criança se mostra indiferente à situação, mas sabe mobilizar a atenção de todos na escola. Têm atitudes de submissão, abandono, desinteresse e “preguiça”, principalmente, frente às tarefas escolares. São caladas e normalmente enganam os professores, pois muitas prestam atenção, apenas com o olhar. São inibidas, apáticas, desorganizadas, apresentam baixa autoestima, baixo rendimento escolar. Distúrbios psicossomáticos são frequentes, como dores de barriga e de cabeça, gastrite, enxaquecas e asma. Choram no dia de provas, sentem tonturas, faltam às aulas com frequência, perdem a motivação para ir à escola e muitas se evadem, etc. A criança agressiva quer destruir o outro, já a autoagressão ela tenta se destruir e isto é muito mais grave para os professores.

Crianças frequentemente vítimas também devem ser vistas como um deficiente afetivo, pois provavelmente perderam sua capacidade de reagir.

O preconceito nos meios sociais e educacionais contra a agressividade se agrava quando é tomada como sinônimo de violência, negando assim o papel estruturante que ela tem na dimensão afetiva do indivíduo.

Como a escola pode agir?

A criança agressiva tem um ego frágil. Por autodefesa está sempre alerta ao ataque diante de qualquer frustração. Não confia na escola, pois é um mundo externo e é incapaz de lidar com seu mundo interno. Por autodefesa, tem a percepção aguçada para detectar qualquer hostilidade. Não aceitam regras, mesmo as combinadas pelo grande grupo.

As escolas que adotam rotinas repressoras, como deixar a criança agressiva na sala durante o recreio escrevendo as tarefas, fazendo cópias, ficar sem o recreio sentado na direção, ou na sala do “apoio pedagógico” não adianta. A criança reage de igual força em sentido contrário.

A escola precisa ajudar a criança com pulsão agressiva acumulada e desordenada. Se há dificuldade em suportar frustração, que sejam dosadas em proporções toleráveis. O prazer e o desprazer têm papel igualmente importante no desenvolvimento psíquico.

A escola pode diminuir a agressividade e a autoagressão através da atividade lúdica na sala de aula, no recreio e, em diversas atividades extracurriculares.

O brincar é uma linguagem metafórica e sendo utilizada na escola canaliza a pulsão agressiva surgindo um novo espaço de vivência e convivência.

Quanto mais a criança brinca simbolicamente, mais chances ela terá de canalizar sua pulsão agressiva, jamais destruí-la, pois significaria a morte do ser pensante, atuante, histórico.

As crianças agressivas encontram em alguns materiais e brinquedos a possibilidade de liberação da sua agressividade, citarei apenas alguns, sem aprofundar seus significados simbólicos e benefícios psíquicos: Bolas; Bambolês; Bastões de papelões ou espumas; Cordas; Caixas de papelão; Tecidos e retalhos. Experimentem!

Espero ter despertado interesse em compreender o aluno agressivo, ampliando o olhar para envolta desde, além de sugerido novas possibilidades para atuação e autorreflexão.

Grata!

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