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Falando sobre violência

Uma importante reflexão sobre o vídeo que se espalhou na internet, de uma situação em que um garoto foi violento na escola.


A palavra violência tem um significado diferente para cada pessoa. Nomeamos uma situação como violenta quando a pessoa ou família que a provoca ultrapassa os limites de nossa tolerância. Existem vários níveis, mas acabamos classificando-os de acordo com nossas experiências pessoais. E, normalmente, os envolvidos não reconhecem sua realidade violenta, pois estão dentro de seus limites “válidos”.

O pedido de ajuda é condição essencial para dar início a um processo de introspecção e questionamento.


Mas, para compreendermos melhor, devemos reconhecer que há dois grandes grupos de violência: a ativa e explícita (golpes, gritos e ameaças), e a passiva (emocional ou verbal).

A primeira parece mais grave, mas pelo menos reconhecemos mais rapidamente. Quando a violência ocorre numa família, é importante saber que todos fazem parte de um sistema, e que por isso devem ser esclarecidos, transformando cada um em responsável pela mudança.


A posição da vítima é ambivalente pelo olhar profissional, pois ao mesmo tempo em que sofre, suas atitudes fazem parte da dinâmica daquela família. No entanto, além desse olhar para a totalidade, também é considerada a urgência de salvar uma criança no ultimo elo da corrente da violência. Às vezes, a última vítima também pode ser a instituição (escola) que acolhe a criança. As crianças maltratam outras crianças, pais maltratam a escola levando o pequeno em péssimas condições (sujo, não vão às reuniões, etc), e por aí vai. Assim, a instituição que acolhe uma criança para salvá-la pode fazer parte do sistema ou circuito de violência familiar e ocupar, finalmente, o lugar de vítima, o que deixa todos confusos em relação ao exercício de suas funções.


No caso das famílias em que a violência não se manifesta abertamente, os profissionais são obrigados a afinar sua percepção e não acreditar apenas naquilo que veem. Por exemplo, aquelas famílias nas quais as crianças vivem sofrendo acidentes, crianças são muito agressivas e, inclusive, as muito contidas, asmáticas ou alérgicas. Podem ser situações que expõe uma verdade que contradiz o relato consciente dos pais. Pode se tratar de um pai generoso financeiramente, mas que não atende as necessidades emocionais de sua mulher ou que tem poucos recursos internos para tomar conta dos filhos. É necessário destacar que abandonar afetivamente o outro também é violência, e no caso das crianças, pode ter um efeito devastador.


É muito difícil alterar de maneira substancial o nível de agressividade das crianças abordando exclusivamente a questão funcional, pedindo que “não batam”, ou pior, respondendo com mais violência. Devemos compreender que se trata apenas de manifestações desajeitadas e desesperadas que as crianças usam às vezes para responder às agressões que sofrem ativamente, e outras como representação da agressão passiva dos pais ou do ambiente em que vivem.


Falamos aqui da situação olhada em suas raízes e profundidade. Devemos ter cuidado com os comentários superficiais e que usam apenas o próprio ponto de vista contaminado com as experiências pessoais e próprios limites.


É importante que, diante da situação mostrada no vídeo, os profissionais tenham consciência que todos fazem parte de certo sistema, e a criança que para uns é vítima dos pais, para outros é o agressor na escola, reflete um pedido de ajuda, e este sim deve ser considerado. Vemos adultos que se vitimaram alegando que não podiam conter aquela criança, mas será que apenas punindo fisicamente é possível dar limites? Uma equipe preparada é aquela que entende estes conceitos e conta com profissionais especializados, como psicólogos escolares, assistentes sociais e outros, de forma integrada.

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